Evento celebra o Dia da Consciência Negra na EMEB Vitório Marcon

O Dia da Consciência Negra, comemorado nesta segunda-feira (20), foi celebrado com uma série de atividades na Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Vitório Marcon, no bairro Ilhotinha. As ações também marcaram o encerramento do projeto interdisciplinar “Todo lugar tem uma história”.

Nos últimos meses, os alunos resgataram a história da Ilhotinha, suas origens, pessoas, memórias, desenvolvimento e identidade. O objetivo foi dar visibilidade ao local onde está localizada uma comunidade quilombola. Os quilombolas são os remanescentes de um grupo étnico-racial formado por descendentes de escravizados fugitivos durante o período da escravidão no país e que viviam nos chamados quilombos.

O Quilombo Ilhotinha foi certificado como remanescente de quilombo em 2014 pela Fundação Cultural Palmares. O Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o município catarinense com mais quilombolas é Capivari de Baixo, com 654 pessoas, o que representa 2,73% de sua população.

Durante o projeto “Todo lugar tem uma história”, os alunos fizeram um mapa mental sobre as origens de seus sobrenomes em um processo de pesquisa que envolveu o aprofundamento de suas histórias. Também realizaram fotografias em autorretrato em que reafirmaram suas identidade e individualidades.

Os alunos ainda confeccionaram coletivamente uma colcha de retalhos. Cada estudante trouxe um pedaço, representando a sua história, suas características e a sua família. A colcha pronta com todas as partes unidas representa toda a comunidade unida. Os três trabalhos estão expostos na escola.

No evento desta segunda-feira, os estudantes do 7º, 8º e 9º ano apresentaram a história das tranças de cultura africana, que já foram utilizadas como ferramenta de sobrevivência durante o período da escravidão, e hoje em dia são símbolo de resistência e identidade cultural. Durante a apresentação, uma aluna fez uma demonstração trançando os cabelos de uma colega.

Em seguida, os alunos do 9º ano declamaram o poema cordel “Um Herói Chamado Zumbi”, de Antônio Héliton de Santana. Depois, estudantes do 5º ano apresentaram trajes, pinturas e acessórios típicos da cultura afro-brasileira. Houve ainda o momento em que todos os presentes cantaram juntos a música “Olhos Coloridos”, da cantora Sandra de Sá.

Os estudantes tiveram uma roda de conversa com o professor Manoel Machado Francisco, liderança da comunidade e membro da Pastoral Afro Família Brasileira de Capivari de Baixo. Ele falou sobre a luta do povo negro e as histórias de Zumbi dos Palmares e do Quilombo Ilhotinha.

Uma celebração com o padre Ângelo Bussolo fez parte da programação. O dia também foi de integração e confraternização. No intervalo foi servido um café afro e, ao meio-dia, uma feijoada.

A realização do projeto “Todo lugar tem uma História” também atende à aplicação da Lei 10.639/2003, que incluiu oficialmente nos currículos escolares o ensino de história e cultura afro-brasileiras. Este ano a lei completou 20 anos.