Festival Dança em Trânsito ocorre em Capivari de Baixo no dia 18
Depois de apresentar uma edição totalmente online — indicada ao Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) na categoria Difusão —, o festival internacional de dança contemporânea Dança em Trânsito retorna às ruas e palcos do país ao mesmo tempo em que incorpora a programação virtual em um inédito formato híbrido. De norte a sul do Brasil, 25 cidades de dez estados estão envolvidas com residências, projetos formativos, mentorias e intercâmbios. A edição em Capivari de Baixo será no dia 18 de dezembro, com espetáculos de companhias brasileiras e uma uruguaia. As apresentações serão no Parque Ambiental Encantos do Sul. Tudo gratuito.
Dentre as atrações em Capivari de Baixo estão a Laso Cia de Dança, com a coreografia Risco do Asfalto; o Grupo Tápias (RJ), Cia associada ao festival dirigida por Flávia Tápias, que faz a estreia de sua nova coreografia, IMPREVISTO, onde o amor acontece, baseada no poema homônimo de Fernanda Estrella; o uruguaio Christian Moyano, com Pauza, uma reflexão sobre as questões da quarentena.
A programação do Dança em Trânsito 2021 começou virtualmente em março. Já as apresentações presenciais começaram em 6 de novembro. No total, o festival conta com espetáculos de 27 companhias do Brasil, Alemanha, Canadá, Espanha, França, Israel, México, Portugal, Suíça e Uruguai, transmissões de vídeos e residências de criação e oficinas gratuitas.
— Adiamos de julho para novembro as atividades presenciais do festival em função do calendário de vacinação nacional. Mas iniciamos de forma remota, em março, uma série de ações online e gratuitas envolvendo artistas nacionais e internacionais, com aulas de dança; formação de professores multiplicadores; mentoria para criação de turmas em centros culturais longe das metrópoles e manutenção para profissionais da dança e artes cênicas — explica Giselle Tápias, diretora artística e curadora do Dança em Trânsito.
A fim de minimizar os riscos para toda a equipe, a curadoria artística levou em consideração o número de integrantes das companhias a serem convidadas, os perfis de espetáculos e performances adaptáveis aos ambientes externos, assim como os deslocamentos de cada companhia. Alguns artistas e companhias do exterior estiveram envolvidos de forma remota, seja à frente das aulas de formação online ou através dos trabalhos exibidos em vídeo durante o festival.
O festival este ano já passou por Mangaratiba (RJ), 6/11; Rio de Janeiro (RJ), 8 a 14/11; Goiânia (GO), 15 e 16/11; Brasília (DF), 18 a 21/11; São Luís (MA), 25 e 26/11; Belém (PA), 28/11; Canaã dos Carajás (PA), 30/11; Belo Horizonte (MG), 3 e 4/12; Ipatinga (MG), 6/12; Coronel Fabriciano (MG), 7/12; Vitória (ES), 10/12; Vila Velha (ES), 11/12; Entre Rios do Sul (RS), 14/12; e termina em São Paulo (SP), no dia 19/12.
O 19º Dança em Trânsito é apresentado pelo Ministério do Turismo e apresentado e patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, Banco do Brasil, Engie e Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Programação em Capivari de Baixo
Todas as apresentações em Capivari de Baixo serão no no Parque Ambiental Encantos do Sul. A programação começa a partir das 16h30, a montagem IMPREVISTO, onde o amor acontece, do Grupo Tápias. Na sequência, às 17h, o duo Anyel Aram e Nayane Fernandes apresenta Os Equilibristas. Às 17h45, é a vez da OKA Cia de Dança apresentar Mar de Dentro.
A Laso Cia de Dança apresenta, no mesmo local, o espetáculo Risco do Asfalto. O encerramento será às 19h com Pauza, do uruguaio Christian Moyano, e com o espetáculo Memória de Brinquedo, da Curitiba Cia de Dança. Para fechar a noite, será apresentado o resultado das aulas de criação do Projeto Valia com jovens de Capivari de Baixo.
Projeto Valia, Residências e Oficinas: formação e multiplicação
Os projetos formativos, que fazem parte do DNA do festival, ganharam um novo viés este ano com o Projeto Valia, que promoveu a partir de março aulas online de mentoria em dança contemporânea voltadas para o aprofundamento profissional de professores de cidades com poucas oportunidades e distantes dos grandes centros. Os professores contemplados das cidades de Entre Rios do Sul (RS), Capivari de Baixo e Alto Bela Vista (SC) e Minaçu (GO) foram contratados para dar aulas com criação nos centros de cultura de suas cidades, entre julho e outubro, com mentoria e acompanhamento da coreógrafa Flávia Tápias. Como resultado do processo criativo nas aulas, os alunos se apresentam durante o Dança em Trânsito, ao lado dos artistas profissionais que realizarão seus espetáculos nessas cidades.
— É um projeto de geração de renda, que traz multiplicadores na área da dança. Dei aula para os professores dessas cidades todas as sextas, fazendo uma mentoria para prepará-los para as aulas que eles, por sua vez, dão às suas turmas — explica a coreógrafa Flávia Tápias, que coordena o projeto.
Dança em Trânsito
Criado em 2002, o Dança em Trânsito é um festival internacional de dança contemporânea que tem por objetivo valorizar, promover e democratizar esta expressão artística, seja pelo intenso intercâmbio entre artistas e companhias do Brasil e do exterior, como também pela itinerância, percorrendo desde as grandes cidades até pequenas localidades no interior do Brasil, em teatros ou espaços públicos. Sua atuação abrange ainda residências artísticas, com oficinas de criação, e workshops, abrindo canais para novos talentos da dança, e a formação de plateias, estimulando o interesse pelas artes e pela dança.
O festival é parte do projeto Ciudades Que Danzan, que reúne 41 cidades em diversas partes do mundo com o intuito de difundir a dança contemporânea. Desde a sua criação, o Dança em Trânsito já apresentou mais de 90 companhias de 16 países em 18 cidades de nove estados brasileiros, para um público de mais de 48 mil pessoas.
Dança em Trânsito – 19ª edição
De 6 de novembro a 19 de dezembro de 2021
Programação completa e inscrições: www.dancaemtransito.com.br
Apresentação: Ministério do Turismo
Apresentação e Patrocínio: Instituto Cultural Vale, Banco do Brasil, Engie e VW Caminhões e Ônibus
Direção geral: Giselle Tápias
Direção artística e curadoria geral: Giselle Tápias e Flávia Tápias
Produção: LIMENTO
Programação em Capivari de Baixo
Sábado, 18/12
Local: Parque Ambiental Encantos do Sul
16h30 – IMPREVISTO, onde o amor acontece, com o Grupo Tápias
17h – Os Equilibristas, com Anyel Aram e Nayane Fernandes
17h45 – Mar de Dentro, com a OKA Cia de Dança
18h – Risco do Asfalto, com a Laso Cia de Dança
19h – Pauza, com Christian Moyano (Uruguai) e Memória de Brinquedo, com a Curitiba Cia de Dança. Na sequência, apresentação do resultado das aulas de criação do Projeto Valia com jovens de Capivari de Baixo
Sinopses
Os Equilibristas, de Anyel Aram e Nayane Fernandes (Brasil)
A pandemia causada pelo novo coronavírus fez o mundo parar, mas pausa também é movimento e por meio desse movimento surgiu a vontade de se reinventar, de manter mesmo que na corda bamba o mover da arte. Os Equilibristas é um duo criado e interpretado por Anyel Aram e Nayane Fernandes que grita com a música e com o corpo a vontade de persistir, resistir e seguir compartilhando arte, afinal de contas, o show tem que continuar.
Anyel Aram, natural do Rio de Janeiro, é dançarino e coreógrafo. Sua pesquisa envolve danças urbanas e dança contemporânea por meio do novo formato online e aprofunda o estilo video dance. Além de ter ministrado cursos em várias partes do mundo, já dançou na abertura das Olimpíadas Rio2016 e no Rock in Rio 2019, entre outros. Nayane Fernandes, natural de Goiânia, é dançarina, coreógrafa, preparadora corporal e diretora de movimento. Já se apresentou no Rock in Rio 2015 e 2017 no Palco Street Dance e em 2019 no Palco NDO. Se apresentou na abertura das Olimpíadas Rio 2016. Atualmente coreografa filmes publicitários para grandes campanhas. Duração 3 minutos. Classificação livre.
Pauza, de Christian Moyano
Uma interrupção no movimento. Nossos dias se tornaram uma distopia. O corpo teve que fazer uma pausa e buscar novas estratégias para se mover novamente. Uma pausa que se transformou em PAUZA. Uma nova forma de silêncio, de imobilidade. Uma interrupção no movimento.
Christian Moyano Vanzuli nasceu em Montevidéu, Uruguai, é dançarino, coreógrafo e professor. Formou-se na Nation Ballet School SODRE em 2011 e foi premiado em 2012 com uma bolsa PI (Proyecto de Intercambio) na Fundación Julio Bocca (Argentina) para continuar seus estudos. Recentemente, foi bailarino da Cia de Danza Contemporánea Martín Inthamoussú. Classificação livre.
Memória de Brinquedo, da Curitiba Cia de Dança
Memória de Brinquedo é um espetáculo de dança contemporânea que celebra histórias, lembranças e sensações tecidas e criadas ao longo da infância. Criado e coreografado por Luiz Fernando Bongiovanni, com direção artística de Nicole Vanoni, o espetáculo busca colaborar com a reflexão sobre o mundo tecnológico e a ludicidade.
Luiz Fernando Bongiovanni foi bailarino por mais de 20 anos, metade deles passados na Europa: Cullberg Ballet e Ballet da Ópera de Gotemburgo, ambos na Suécia; Scapino Ballet, em Roterdã, na Holanda, e no Ballet da Ópera de Zurique, na Suíça, e antes disso, no Brasil, no Balé da Cidade de São Paulo. Duração 45 minutos. Classificação livre.
Risco do Asfalto, da Laso Cia de Dança
É uma conversa corpo a partir de estados vulneráveis. É uma corrida queda entre a pureza e o perigo das ruas. É um depoimento manifesto sobre o risco e o que existe nele. Nesta dança, criada por Carlos Laerte, movimentos repetidos e gastos em verdades, revelam calejos pessoais que surgem do atrito do corpo pelo mundo. É na potência da falha e no desvio a partir do erro, que insistimos nos encontros. O espaço escolhido para cada dança/acontecimento produz uma suspensão que nos convida a abrir mão do acerto para o real, criando uma espontaneidade que revela a exposição entre todos os presentes.
Carlos Laerte é diretor e coreógrafo natural do Rio de Janeiro. Bacharel em Cinema, com especialização em documentário, concluiu sua formação artística em Nova York. Criou a Laso Cia de Dança Contemporânea com a qual desenvolve um trabalho próprio de pesquisa corporal e dramatúrgica, trazendo o cinema em suas pesquisas coreográficas ao criar uma intercessão entre os dois universos. Com mais de 14 obras em seu repertório, a cia vem recebendo premiações e críticas importantes no segmento de dança/teatro. Duração 25 minutos. Classificação livre.
Imprevisto, onde o amor acontece, do Grupo Tápias
A batida original é involuntária.
Não quero ser pedra.
Eu, movimento.
Virei semente, folha, gente.
Sou parte, inteira.
Rezo, giro.
O todo é o que me sustenta.
Ventou lá fora, esquenta.
Compasso inesperado.
Eu, suspiro.
Passou um pássaro e disse,
O acaso é destino.
Eu, vivo.
A montagem foi criada por Flávia Tápias, coreógrafa, intérprete e professora de dança contemporânea graduada pela Faculdade Angel Vianna no Brasil. É integrante do Grupo Tápias desde 1998, no qual atua até hoje, juntamente à coreógrafa Giselle Tápias. Atua como professora de técnica de dança contemporânea e composição coreográfica em diversos festivais e mostras internacionais. Duração 20 minutos. Classificação livre.
Fonte:
Carol Macário – Jornalista